6 de julho de 2007

29 - O Gato parado

Passos,
Largos,
e vagarosos.
Instantes, mágicos,
e tenebrosos.
Ossos,
quebrados
nenhum remorso,
da pele,
alva e negra
o rubro escorre.

Aproximava-se do momento
Do cruzamento
Na encruzilhada, da vida
O condenado via
Pelos meus olhos
O verde
Refletia a luz vinda
Do automóvel que na pista
logo atrás surgia

Estranhei velo
estatelado
Nem me parecia gato
Me encarando nos olhos
Querendo dar um recado
Talvez alguma lição
antes da despedida aflita
Ensaiou alguns passos a mais
E retornou pro legado

Tinha desperdiçado suas outras 7 vidas
Como um soldado
apenas esperou o momento citado
Causando náusea à testemunha do acontecido
Que ingenuamente imaginou ser o causador daquilo
Por pensamentos obscuros, pressentido mal visto
Segundos antes
sem gemidos,
esperou seu oficio.

p.r. 06/07/07

5 de julho de 2007

28 - O Terno

O velho terno apertado,
Sufocante, antes peça indispensável,
Continua a disposição no armário há tempos fechado.
O corpo é fechado.
O armário trancado.
O terno é esquecido.
O velho...
Já foi.

Ousado.
Muito antes de usado,
sonhou em ser livre
Em crise,
o soldado
Costurou na pele, cem pontos
Tendo em vista,
Os inimigos derrotados

Pôs no armário
Tirou o terno,
e foi enterrado.
Trancado,
o corpo dentro esquecido
do terno e do armário

Choravam em lagrimas de sangue
Os cegos, gritavam
sem enxergar rente ao muro
os murmúrios voltavam
atormentados pela culpa
muitos jovens cegaram
seguiram trilhos definidos
mas mortos não falam

mesmo os cegos, são vaidosos
destrancaram o armário
corpo podre, velho e esquecido
com o terno do lado.
Pra encobrir toda sujeira
dos cegos,
dos fantasmas,
e do passado.

p.r.
05/07/07