14 de fevereiro de 2008

50 - A Nave

Uma nave perdida percorre
um universo vazio.
Sem estrelas nem rotas,
apenas infinitas sobras,
do que um dia fora
uma constelação febril.
Quente como já foi a Fênix,
tornou-se frio,
sem mais acreditar em cinzas.
Pegadas apagadas na trilha,
sem rastro o louco desanima,
e passa a acreditar em ciclos.
Mais uma volta
em torno do corpo,
e ainda assim não encontra nada.
Pede licença, em solo,
um curvo,
que acompanha o piloto,
voando rente junto a asa.
Também o corvo esta perdido,
mesmo universo hoje em conflito.
Vagar pelo vazio lhe causa,
um sentimento vago,
a náusea,
pede licença e invade a alma,
descobre o medo infantil.
Tropeça em partículas do nada,
cai num buraco escuro e vaza,
rumo a um novo universo,
que ainda assim esta vazio.
O novo sempre vem vazio
e a nave sempre a procurar,
motivos de voar em círculos,
mesmo sem ter o que buscar.

p.r.

14.02.08