26 de março de 2006

10. Filmes de Cadaveres

Quando escrevo, penso e falo o que se passaO que passa aqui dentro e que jogo sem pensar.
São as palavras saindo soltas,
são as palavras verdadeiras.
É o que realmente sinto, agora, aqui mesmo.
Neste momento não existe fingimento,
quando se escreve para os outros pode parecer falso, mas aqui, escrevo para mim.
Não preciso me esconder, não posso fugir, não tem como fugir.
Eu sei bem o que se passa aqui. As vezes penso que apenas acho que sei, mas agora estou bem seguro de que não sei mais o que passa.
Ora se não, então o que escrevo? Escrevo para me contradizer???
Talvez sim.
Talvez seja bom eu me vigiar um pouco...
Talvez eu me engane,
talvez eu tente me enganar..
Mas o que vejo não posso negar,
o que sinto não posso explicar.
Posso apenas sentir, posso gozar...
Devemos sempre gozar....
gozar...
A cidade é a mesma, ela continua sempre igual. Ela é suja, ela fede.
Eu também.
Você também.
Todos fedem,
Todos temos alguns segredos.
Eu tenho um cadáver escondido em meu armário que só eu sei quem é(ou era).
Você também tem um???
Acho que todos nos temos nossos cadáveres escondidos, ou pelo menos todos deveriam ter...
Se você não tem, é pq ainda não descobriu.
É porque não procurou direito,
Talvez você tente esquecer,
talvez você realmente tenha esquecido. Mas vamos lá amigo, faça uma força, tente se lembrar.
Lembra daquele dia??? O Sol estava tão belo, tudo parecia lindo, as coisas estavam quase se encaixando,
Mas havia um problema...
Vc não conseguia ver o belo.Eu também não conseguia...acho que ate hoje não consigo..
São tantas mazelas, tantas moléstias...
Tantas vidas estão jogadas...
Tantos segredos estão guardados...
Mas precisamos dos segredos,
precisamos do cadáver.
Talvez assim possamos nos sentir mais seguros, mais sábios.
Nossos cadáveres, só nos sabemos quem são, ou o que eles são....M
elhor ainda, o que eles foram...É provável que tenham significado algo...
Pode ser algo bom, aí te traz amor...
Também pode ser detestável, pode te trazer ódio.
Mas certamente te trará os velhos sentimentos, àqueles mesmos que não podemos explicar,
Mas podemos sentir.
Devemos gozar...
Sim , isso mesmo...Vamos gozarVamos gozar de todas as possibilidades,
Vamos gozar daqueles que acham saber.
Vamos gozar também daquelas que nos trazem prazer.
Precisamos de mais prazeres, preciso de algo há fazer, pois não posso parar, não podemos parar.
Pois ele não para, e nos vigia também.
Mas ele não é deus, porem, está em todo lugar, isso mesmo,
a toda hora ele está..
Quer dizer , não é ele, na verdade é ela...Ela mesmo que te leva e não te traz...
Ela que todos conhecem mas não sabem como ela faz.
Como vai fazer no dia que virá te conhecer.
Pois nos conhecemos ela, mais ela não nos conhece.
Ela só poderá nos ver apenas por um instanteMas que instante...
que instanteNessa hora talvez tudo faça sentidoOu também tudo continue vazio.
Mas vamos lá, não desanime agora, vamos falar de coisas boas.
Falaremos do amor.
Não, amor é muito banal,
Podemos falar então da questão socialSão tantas questões, tantos argumentosSempre escolhemosMeu café é com leite, mas só em casaNo trabalho é puro e escuro
Não tem moleza, não tem escolha.
Preciso ter um meio de viver, mas assim, o que faço é apenas sobreviver...
Não consigo viver de meus prazeres.
O certo seria viver para meus prazeres, mas o momento me tira da linha.
Esta torta e não tem fim...
Melhor assim, essa é a linha que eu quero seguir...
Pois sempre fui torto, e não me lembro do começo.
Assim como não sei o desfecho.
É como um filme, na pré estréia, onde eu quero ser o ator. Não quero ser telespectador,E também não quero ser coadjuvanteNessa confusa nova historia, não existem muitas gloriasPelo menos ate o presente instante...Mas acredito que o filme está no começoNão sei quando ele acabará ,
não sei bem se ele acabará...
Sei que esta passando, ele esta projetadoNão sei também quem o assiste,
sei que alguém assisteAh sim...
Já ia esquecendo,Aqui não se recebe para atuara moeda é outra,
se paga com vidaIsso mesmo,a própria vida é a recompensa.
Então é melhor continuar atuando.
Pois já perdi bastante tempo observando...


04/02/05

p.r.