26 de março de 2006

3. Para Sergio - O fio da corda que não te acorda, te enforca.

Hoje tive um sonho, sonhei com uma corda.
Não sei bem se era uma corda, mas sei que ela enforca.
Enforcava não só eu, enforcava toda uma geração.
Mas não era uma qualquer, era minha geração.
Pode ser chamada de destrutiva, ou auto-destrutiva.
Não sei se nos destruímos ou se nos destroem,
sei que a cada dia, um novo ente próximo se corroe.
Corroe de todas as maneiras, do salto louco ate o chão.
Corroe também com uma corda,
no pescoço longe ao chão.
O chão que nos pisamos e sujo e maltratado.
Não diferente de nossas vidas, que tem sempre final amargo.
Amarga vida já foi bela,
belos sonhos e loucuras, daquelas pessoas tão lindas, que admirava sua ternura.
Onde quer que fosse, tinha carisma e respeito,
vida louca e intensa, sei que tiraste bom proveito.
Mas outro próximo se já se foi, não sei se era isso que queria,
ter uma historia tão bela, com desfecho de agonia.
Aqueles minutos que restaram, pendurado pelo pescoço,
seriam eles os últimos daquela vida sem esboço?
Mas uma vida tão jogada, de pó e pedra nóia a alma,
aquela alma que era bela,
aqueles vícios ofuscava.
Talvez fizessem parte da sua historia,
de suas historias de loucura,
mas pobre criança não vogara, não por isso te admirava.
Admirava pelo espírito, livre e de aventuras.
Admirava por você, que dava conselhos de ajuda.
Mesmo quando,
no assunto era errôneo,
sempre nos aconselhava, pra não cairmos no abandono.
O abandono que tiveste, em teus últimos momentos,
talvez apenas mais uma conversa, pra me dizeres teus lamentos.
Com isso hoje eu lamento, por não poder mais te ajudar,
por isso hoje eu te escrevo, Para sempre de ti lembrar...

p.r.

07/04/05